terça-feira, 19 de novembro de 2013

"O GATO PRETO"


Todos temos um talento escondido dentro de nós.
Basta termos a chance de mostrá-lo.
Os alunos reescreveram o conto e mostraram que são capazes de (re)criar.

sábado, 19 de outubro de 2013

Sinais de Pontuação: Sequência Didática: Meu Primeiro Beijo



Aula: Sinais de Pontuação - Sequência Didática: Meu Primeiro Beijo / Curso: Estratégias de ensino para desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita (Tutora: Sayuri) / E. E. Presidente Kennedy - Professora Roseli Ubaldo - Melhor Gestão, Melhor Ensino - Língua Portuguesa (Tutora: Ivone Islas)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Visão geral da conta - Configurações da conta

Visão geral da conta - Configurações da contahttp://www.youtube.com/watch?v=Rumvh3QnL38&feature=share&list=PLrg3iA23xwTTAZc8AayY9tNCKFwSWNNDk

Professores no mundo da leitura e escrita: Estamos no rumo certo? Video interessante

Professores no mundo da leitura e escrita: Estamos no rumo certo? Video interessante: Da escola que temos ao mundo que queremos, mundo da educação http://youtu.be/CJyr1TXuZv0

Meu primeiro Beijo

No curso de formação( MGME) um belíssimo trabalho de Metalinguagem foi nos reportado e no qual os grupos se distribuíram paulatinamente e foram dando seus respectivos depoimentos incessantemente e de maneira bem detalhada, a ponto mesmo da questão deste conto entrar num acirrado debate. Os efeitos foram impressionantes a ponto de ser revisto meu planejamentoe o texto ser trabalhado em salada de aula que durou por mais de 3 aulas. O efeito causado e o impacto  foi bom.Conclusão nos somente os professores fizeram um belíssimo trabalho lá no curso de formação , como também pude desfrutar de um bom resultado, de uma bela performance quando os alunos trabalharam esse texto em sala de aula:
1 - Leitura passiva ,silenciosa
2 - Leitura compartilhada , todos participaram ativamente
3 -  discussão e seminários
4 - Os alunos deram seus respectivos depoimentos quanto ao tema , imaginem só qual foi o resultado.
Todos nós sabemos dos dilemas e transformações que nossos alunos passam por essa fase crítica de suas idades.
Leia abaixo o texto na íntegra para aqueles que ainda não puderam fazê-lo

Meu Primeiro Beijo
Antonio Barreto
É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem
com quem? Com o Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos
exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e
morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos
seus milhares de bilhetinhos:
"Você é a glicose do meu metabolismo.
Te amo muito!
Paracelso"
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou
com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de
mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber
que tipo de lance ia rolar.
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus,
veio com o seguinte papo:
- Um beijo pode deixar a gente exausto, sabia? - Fiz cara de desentendida.
Mas ele continuou:
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias
e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou
na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina;
0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo
menos 250 bactérias...
Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os
meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem
os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso
aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz,
fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro
de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns
segundos.
E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos,
o abismo do primeiro beijo.

Estamos no rumo certo? Video interessante

Da escola que temos ao mundo que queremos, mundo da educação
http://youtu.be/CJyr1TXuZv0

Escola de Pais: Educar é diferente de ensinar

Escola de Pais: Educar é diferente de ensinar:    Nunca é demais repetir que existe um diferença enorme entre EDUCAR e ENSINAR. Nosso sistema educacional não está voltado para o educar, e...

OS GÊNEROS E PROGRESSÃO EM EXPRESSÃOORAL E ESCRITA./ Progressão Sequência didática e Gêneros

Dolz & Schneuwly na questão da abordagem dos gêneros na proposta da sequência didática nos reporta sempre à parte conflitante que nos acerca e na qual estamos envolvidos. Por mais que a proposta curricular nos CA( caderno do aluno) como trabalhar os gêneros textuais e apesar de todo um processo de embasamento nos PCNS, a escrita e a reescrita é o tema que incomoda. Incomoda por quê? Primeiro que não há uma sequência de ano para ano no qual há um trabalho diagnóstico que envolve aluno e professor. Em segundo lugar vem a questão dos objetivos claros e decisivos na vida do aluno pois o que ele já aprendeu,não necessariamente o expõem diante de um contexto de sua vivência real.O que é real para o professor para o aluno fica dúbio e transforma-se em uma complexidade sem paradeiro. Verdade é que todos estão envolvidos na dinâmica desse processo mas os resultados nem sempre reporta algo passível de uma resolução a curto prazo.
Dolz & Schneuwly expressa claramente a necessidade que a oralidade ou a escrita tem que ser trabalhada enfaticamente. A pergunta que fica então por que com muita frequência temos que estar replanejando aulas, o professor de apoio tem que ser por várias vezes requisitado?
O trabalho escolar,no domínio da produção de linguagem é o que mais temos insistentemente feito,sinal que nem sempre nosso trabalho está nos rumos tortos e sim de acordo com o pensamento dos autores. Semanalmente uma oficina de de Produção escrita seguindo os parâmetro da norma culta da língua portuguesa..
É por isso que considero os Projetos de importância fundamental pois constituem-se de instrumento de mediação, é mais uma estratégia de ensino, é mais um material de trabalho,necessário na questão do ensino da textualidade.Somente assim os diversos gêneros textuais podem ser trabalhados sem que o aluno perca o interesse ao aprendizado .

Nas sequências didáticas há muitas possibilidades a serem compartilhadas

 
No nosso curso de formação as muitas possibilidades criadas na sequência didática foram muitas as portas abertas, belos textos: Avestruz,Meu Primeiro Beijo, e o incrível conto Pausa.Todos eles levados a debate nos nossos fóruns o que nos possibilitou uma reflexão extremamente concludente e por assim dizer não apenas as reflexões deixou uma pauta em aberto como também novas possibilidades de discutir a dramática situação de   ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: 




Quadro síntese das oficinas


Sequência Didática
Objetivo: Possibilitar que os participantes do grupo reflitam sobre o que são seqüências didáticas, por que e como usá-las no ensino de gêneros textuais em sala de aula.
OFICINAS
OBJETIVOS
TEMPO
PREVISTO
1. A produção textual em sala de aula
  • Mapear como o professor trabalha com produção textual em sala de aula;
  • Possibilitar que o professor reflita sobre a proposta de trabalho;

  • Refletir sobre a concepção de ensino que está por trás dos procedimentos metodológicos adotados.
1h
2. Por que trabalhar com seqüência didática?
  • Ativar o conhecimento prévio sobre seqüência didática;

  • Pensar sobre como e por que trabalhar com seqüência didática.
1h
3. O passo- a- passo da seqüência didática.
  • Conhecer os objetivos de cada etapa da seqüência didática;

  • Familiarizar-se com o gênero reportagem turística;

  • Identificar os elementos característicos de uma reportagem turística.
1h
4. A importância da construção de texto coletivo
  • Refletir sobre como elaborar um texto coletivo, incorporando a ele os recursos aprendidos no transcorrer das atividades da seqüência didática.
1h
5. Revisar o dito e o escrito
  • Revisar o texto, identificando os aspectos que podem ser aprimorados.
1h
6. O caminho das pedras
  • Retomar as etapas da seqüência didática;

  • Incentivar o planejamento de uma seqüência didática.
1h
Tempo total previsto
6h

A produção textual em sala de aula
(tempo previsto: 60’)

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Etapa 1 (tempo previsto: 10’)
Convide os participantes a voltarem ao tempo de escola e relembrarem uma experiência interessante que tiveram com produção de texto. Anime-os a pensar nas várias situações que envolveram esse momento significativo: quem era o professor? Como ele interagia com os alunos (elogiava, ajudava, sentava junto, ou mantinha-se distante). Que atividades costumava propor para a turma escrever? Peça que cada um faça um desenho que represente essa cena.
 
Etapa 2 (tempo previsto: 20’)
Convide os participantes a compartilhar as lembranças. Inicialmente, peça que observem os desenhos uns dos outros. Incentive-os, então, a procurar os colegas que fizeram desenhos com os quais se identifiquem ou que têm alguma semelhança com a sua representação. Oriente para que formem pequenos grupos e conversem sobre o que os desenhos revelam. Pergunte se podem identificar quais concepções de ensino da escrita estão por trás das práticas que recordaram. 
 
Observe se as representações apresentadas revelam que os alunos escreviam a partir de um título, um tema, uma imagem, sem atividades prévias para se iniciar o trabalho de produção, ou seja, se a proposta de escrita era apenas um motivo para a produção de gêneros escolares, como o relato de fim de semana, relato de passeio, resumo de aula e outros voltados para o treino de gramática e ortografia. Outro aspecto a considerar na reflexão que fizer com os professores é se as propostas de escrita tinham vinculação com outros gêneros discursivos, não escolares. Aqui é importante considerar que a escola faz parte da sociedade e tem uma clara função de organizar o conhecimento que circula fora dela. Portanto, os gêneros que a escola produz são sociais, circulam socialmente, já que ela é um espaço social. Neste momento, é importante distinguir os gêneros escolares dos não escolares, como os literários, os jornalísticos, os científicos, os instrutivos, etc. Por exemplo, havia alguma proposta de escrita que aproximasse os alunos de situações de produção de gêneros não escolares, como quadrinhas, ou crônicas, ou verbetes de enciclopédia? Verifique também se há representações em que a escrita é vista como trabalho, que envolve um fazer e refazer, ou se a escrita tem uso e função social, estabelece interlocução entre autor e leitor (motivo que ele tem para escrever, para quem ele vai escrever, onde seu texto será lido e o gênero que utilizará na escrita do texto).
Incentive ainda que os participantes relembrem as sensações, emoções (medo, alegria, ansiedade, insegurança etc) vividas durante o processo de elaboração do texto e se esses sentimentos interferiram na interação com o professor e no desempenho da escrita.

Após a reflexão, cada grupo elege um orador para socializar suas conclusões. Para facilitar as discussões, anote as observações dos grupos. Monte um varal ou um painel com os desenhos.
Etapa 3 (tempo previsto: 15’)

Proponha ao grupo outras questões para reflexão:
De que maneira as práticas relembradas contribuíram para o desenvolvimento da escrita?
Elas ainda estão presentes em sala de aula?
Hoje, como são as práticas de produção textual?

O importante é que, além de trocar as experiências, os participantes percebam que existe uma concepção de ensino aprendizagem por trás de toda prática de sala de aula. Incentive-os a identificar quais eram as concepções de ensino da escrita que estavam por trás dos procedimentos metodológicos adotados nas experiências lembradas e a compará-las com as práticas atuais. Ao final da discussão, organize uma síntese conjunta das principais conclusões.
Etapa 4 (tempo previsto: 15’)
A partir das conclusões, peça que o grupo observe se em alguma prática apresentada foi possível perceber que o professor se preocupava em definir claramente para seus alunos a situação de comunicação: escrever com uma intenção, para alguém ler, escolhendo o gênero mais adequado para este objetivo e o local onde vai circular.
À medida que as práticas vão sendo apresentadas, ajude-os a refletir se essas representações estão mais próximas ou mais distantes da proposta com gêneros textuais desenvolvidas nos fascículos do Kit Itaú de Criação de Texto.
Aproveite o texto Propostas de ensino de leitura e escrita no Escrevendo - Buscando contribuir para superação das dificuldades dos estudantes brasileiros, de Heloisa Amaral, publicado em 14 de fevereiro de 2007 na Comunidade Virtual.
 A escolha da abordagem de ensino de língua por meio de gêneros textuais não foi aleatória. As referências mais atuais sobre um ensino eficaz de Língua Portuguesa, entre elas os Parâmetros Curriculares Nacionais produzidos pelo MEC, recomendam que o aluno trabalhe na escola com umaampla diversidade de gêneros de textos, literários e não literários, orais e escritos, e que leia, discuta e escreva com finalidades definidas, para ouvintes e leitores de dentro e de fora da escola que, de alguma forma, dêem uma resposta ao que ele escreveu.
Assim, em vez de fazer as tradicionais redações sobre as férias ou o fim de semana que apenas o professor vai ler, a produção escrita dos alunos pode ser orientada para, por exemplo, ser uma carta de solicitação pedindo à diretora da escola a liberação do uso da quadra aos domingos, ou a preparação de cartazes para uma campanha de saúde que tenha como finalidade mobilizar a comunidade, ou a escrita de poemas para serem lidos num sarau da igreja.
Os textos produzidos nessas condições ficam muito mais significativos do que aqueles feitos para a troca exclusiva com o professor, para obtenção de uma nota. Com a perspectiva de comunicação mais ampla e objetiva, os textos dos alunos deixam de ser uma escrita tipicamente escolar e passam a ser uma escrita produzida na escola, mas com significado extra-escolar, tanto para quem escreve como para quem lê.
Para finalizar, faça uma leitura conjunta do texto a seguir e promova a socialização das conclusões.
Nos últimos anos, a expressão “gêneros de texto” tornou-se comum, mas poucas vezes paramos para pensar no que ela significa. Como a palavra "gênero" significa "família, grupo", podemos dizer que gêneros textuais são “famílias”, grupos de textos, orais ou escritos, que têm origens próximas e são ligados entre si por pertencerem a uma mesma área de conhecimento e ocorrerem em situações de comunicação semelhantes.
Um exemplo que estamos falando é o jornal, que é uma área de produção de informações. Todos os gêneros produzidos nele são chamados de “gêneros jornalísticos” (notícias, editoriais, reportagens, por exemplo) e têm muitos aspectos em comum, determinados pela maneira como o conhecimento jornalístico é produzido e organizado. Outro dos inúmeros campos de conhecimento que produzem formas de linguagem próprias é o jurídico. Há um grande número de “gêneros jurídicos” como as leis, as petições, os contratos, os estatutos, por exemplo, todos carregando traços do trabalho e do conhecimento de juizes, promotores e advogados. Outros gêneros que podem ser agrupados numa mesma “família” são os literários, produzidos para o entretenimento e o deleite dos leitores por autores que são verdadeiros artistas. Entre eles estão os romances, os poemas, os contos, as narrativas policiais, as crônicas, etc.
Além desses campos de conhecimento mais formais, a cultura popular possui gêneros constituídos ao longo de séculos e transmitidos de boca em boca através das gerações familiares, como cantigas de ninar, de roda, contos, fábulas, lendas, advinhas e muitos outros. Como todas as formas de linguagem nascidas nas diferentes situações de comunicação são gêneros, podemos dizer que também são gêneros de texto as conversas familiares e as conversas de bar. Esses últimos são marcados pela informalidade das situações de comunicação em que são produzidos.
Finalizando, podemos dizer que são gêneros textuais todas as formas de linguagem produzidas em toda e qualquer situação de comunicação, que podem ser reconhecidas e utilizadas pelas pessoas que estão se comunicando por terem formas conhecidas. Ao contar uma piada, passar uma receita, dar uma instrução qualquer, já sabemos de antemão quais são as formas, as características do gênero que vamos usar. Quem conversa conosco, do mesmo modo, também reconhece os elementos do gênero que está sendo usado e ri da piada, anota a receita ou presta atenção às instruções. Os gêneros, por terem marcas reconhecidas pelas pessoas que se comunicam, são instrumentos que possibilitam o entendimento entre as pessoas.
Você viu, pelos exemplos acima, que são inúmeros os gêneros de texto que existem na língua. Podemos dizer que seu número é iinfinito, pois cada uma dessas formas de linguagem decorre das inúmeras e diferentes situações de comunicação (ou situações de produção de linguagem) que vivemos no cotidiano, sejam elas informais ou mais formais. Uma pessoa, por exemplo, no seu papel de mãe ou pai, pode, num dado momento, dar instruções a seus filhos. Logo em seguida, no seu papel de profissional, pode escrever um texto técnico para seu chefe. Mais tarde, essa mesma pessoa pode se tornar um leitor de jornal ou um telespectador, envolvido com o noticiário do dia ou com uma novela. Como as situações de comunicação mudam constantemente, uma mesma pessoa usa vários gêneros num só dia, porque muda de lugar social nas diferentes situações de produção de linguagem: ora ocupa o lugar de pai ou mãe, ora de profissional em seu trabalho, ora de pessoa que busca informações sobre o mundo em que vive, etc.
Podemos concluir que, como só nos comunicamos por meio de gêneros textuais, quanto mais gêneros dominarmos maior será nossa capacidade de comunicação, nosso desenvolvimento pessoal e nossa capacidade de exercer a cidadania.
Muitos dos gêneros que utilizamos são aprendidos informalmente nas relações sociais mais próximas. Outros, porém, exigem ensino sistematizado para serem aprendidos. A escola é responsável pelo ensino sistematizado de gêneros mais formais. No caso deste Prêmio, os gêneros formais propostos para este tipo de ensino são: artigo de opinião, memórias e poemas. (Fonte: Kit Itaú de Criação de Textos - Prêmio Escrevendo o Futuro- 3ª edição 2006 –Pp. 2 e 3)
Para saber mais
Para ampliar e complementar esta discussão, sugerimos a leitura dos textos abaixo, escritos por Heloisa Amaral, publicados na Comunidade Virtual:

"Como trabalhar com gêneros textuais na Olimpíada"

"Ensinar leitura e escrita com gênero como instrumento: o que pensam os colegas"

"Escolhendo gêneros textuais para ensinar na escola"

"Propostas de ensino de leitura e escrita no Escrevendo - Buscando contribuir para a superação das dificuldades dos estudantes brasileiros"

OFICINA 2
Por que trabalhar com seqüência didática?
(tempo previsto: 60')


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Etapa 1 - HQ (tempo previsto: 05’)
Apresentação do Clipe HQ – seqüência didática (clique sobre a animação acima).
Etapa 2 - Teste (tempo previsto: 15’)Conte para os participantes que nesta etapa vamos refletir juntos sobre como organizar o ensino da produção de texto na perspectiva de gêneros. Convide-os a responderem um teste. Explique que a intenção não é verificar quem sabe mais ou menos, mas sim ativar os conhecimentos prévios sobre as etapas de uma seqüência didática. Ao final compare as respostas e apresente as alternativas corretas.
Etapa 3 - Questões em grupo (tempo previsto: 20’)
Convide os participantes a refletirem sobre a importância da seqüência didática para o trabalho com gêneros textuais. Para nortear a discussão, organize a turma em trios ou pequenos grupos e entregue a cada um deles uma questão para reflexão. Ao final, faça uma roda de conversa sobre as conclusões dos grupos.
Questões
1. O que são seqüências didáticas?
2. As seqüências didáticas são usadas somente para o ensino de Língua Portuguesa?
3. Por que usar seqüências didáticas ao ensinar Língua Portuguesa?
4. O que é preciso para realizar seqüências didáticas para os diferentes gêneros textuais?
5. Quais as etapas de realização e aplicação de uma seqüência didática de gêneros textuais
Etapa 4 - Leitura (tempo previsto: 20’)
Faça a leitura comentada do texto Seqüência didática e ensino de gêneros textuais. Em seguida, peça para cada grupo reler sua resposta, identificando o quanto ela se aproxima ou se distancia das idéias apresentadas no texto. Caso queiram, poderão completar suas respostas.
OFICINA 3
O passo-a-passo da seqüência didática
(tempo previsto: 60’)


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Leitura
Etapa 1 - Atividade de escuta (tempo previsto: 15’)
Inicie uma conversa contando aos participantes que, para aprofundar o conhecimento das etapas que compõem a seqüência didática, vamos analisar, nesta oficina, uma seqüência didática. Para exemplificar, selecionamos um gênero bastante conhecido, principalmente pelos viajantes: reportagem turística.
Quando se pensa o ensino de qualquer gênero textual, é importante lembrar que o que se propõe é o ensino articulado de leitura, escrita e gramática desse gênero. Uma boa forma de ensinar gêneros textuais é organizar uma seqüência didática: um conjunto de atividades articuladas entre si, planejadas para ensinar um conteúdo passo a passo. Veja exemplo
Nesta Sala do Professores não vamos desenvolver todas as etapas da seqüência didática. Nossa proposta é fazer uma reflexão mais detalhada de três etapas em uma seqüência didática: ampliação de repertório; produção de texto coletivo e revisão e aprimoramento de texto.
Vale lembrar que para o ensino de gênero textuais em sala de aula é importante que o professor desenvolva a seqüência didática na íntegra, sem pular nenhuma etapa.

Peça aos professores que pensem em um lugar pitoresco, atrativo, ou naquilo de que eles mais gostam na cidade em que vivem. Incentive-os a escrever uma frase ou um slogan interessante, que mobilize as pessoas a conhecerem esse local. Ao final, organize um painel com as frases, os slogans elaborados. Aproveite o painel para destacar quais os aspectos do lugar foram contemplados: atrações naturais (cachoeira, rio, praia, montanha, mata) ou culturais (museus, igrejas, monumentos, culinária, festas).
Etapa 2 (tempo previsto: 35’)
Divida os participantes em pequenos grupos. Convide-os a lerem o texto e identificarem as informações que aparecem na reportagem turística. Antes de iniciar a leitura, apresente quem é o autor e a situação de comunicação em que o texto foi escrito.
Texto escrito pela aluna Jéssica de Fátima Segatin, da 5ª série da EE Prof. Jethro Vaz de Toledo – Piracicaba/SP, vencedor da 1ª edição do Prêmio Escrevendo o Futuro em 2002, categoria “Reportagem”.
Dica - Coloque o mouse em cima do link/números e aparecerão observações sobre o texto

Canteiros - Cecília Meirelles

Quando penso em você, fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa, menos a felicidade
Correm os meus dedos longos, em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego já me traz contentamento
Pode ser até manhã, cedo claro feito dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter no mato um gosto de framboesa
Prá correr entre os canteiros e esconder minha tristeza
Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza
E deixemos de coisa, cuidemos da vida,
Pois se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta moço, sem ter visto a vida.

CANTEIROS - CECÍLIA MEIRELLES

Bom Dia , queridos blogueiros.
Foi através deste lindo poema que mais tarde virou um hino uma canção romântica na voz de Fagner. Assim  a letra em conjunto com a melodia transforma o belíssimo poema numa obra prima que infelizmente pouquíssimos dos nossos alunos tomaram conhecimento. Eu fiz esse trabalho de reportar um poema utilizando dos instrumentos das novas tecnologias na sala de multimídia . A belíssima canção que através do romantismo apesar de um cotidiano tão conturbado pode ainda ser levado as salas de aula.

pedro freitas - Google+

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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Anatomia de um leitor

Leitor

Sequência didática - Texto: Avestruz

                                                                 



 
 Leitura

Atividade 1

O professor perguntará oralmente e registrará as perguntas na lousa.

1. A respeito do gênero: O que é uma crônica? / Já leram? / É um texto longo?

2. A respeito do autor: Já ouviram falar de Mario Prata? / Já leram algum texto escrito por ele?

3. A respeito do título: "Avestruz" Vocês conhecem a avestruz? / Já viram uma? / Como são? / Onde vivem?

Atividade 2

Mostrar aos alunos imagens da avestruz: Elaboração de apreciações das imagens.

Atividade 3

Leitura Compartilhada

1º Parágrafo - O professor fará perguntas para: levantamento de hipóteses, comparações, produções de inferências locais e globais,

Qual presente? / É comum este tipo de presente? / Por que a culpa era do narrador?


Sequência Didática

O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos (O que vocês acham que ele pediu?) uma avestruz. (Isso é comum?) cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São paulo. E, ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha (Por que a culpa era dele?) Sim por que foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo criação deles. Aquilo impressionou o garoto.

1- Localização das informações explícitas.

2- Questões de inferências (é comum criar uma ave em um apartamento? / Se o filho mora em Higienópolis, como viu a ave em Floripa?

3- Valorização: Por que o menino só muda de idéia a partir do conhecimento dos hábitos alimentares da ave? Você agiria da mesma forma?


Atividade 4

Recuperar oralmente a crônica, respeitando a sequência dos fatos - Processo realizado coletivamente e o professor irá registrar na lousa os fatos enumerados pelos alunos.

Atividade 5

Posicionar-se perante a situação: e se o menino persistisse na idéia de ter uma avestruz? Como seria? Oralmente

Atividade 6

Produção escrita

Como criar um avestruz dentro de um apartamento

domingo, 16 de junho de 2013

REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO DO PROFESSOR

                                                           


São vários os instrumentos avaliativos tão veemente discutidos para fazer um balanço do que foi trabalhado e as lacunas que ficaram segue um resumo e a conclusão de grupo conforme trabalhado realizado no curso de formação:
Desafios do Professor do século XXI; trabalho em sala de aula
Tem que ter flexibilidade,criatividade – atualizado sempre.
Comunicação
Responsabilidade
Empreendedorismo (ter uma ideia e colocar em prática)
Socialização
Utilizar novas tecnologias
Líder contextualizador – mergulhar na realidade que colhe o aluno:
Parceiro
Tempo disponível ensino e aprendizagem
Trabalhar em equipe
Gestão

Autor: Pedro Feliciano

sábado, 15 de junho de 2013

Frases sobre a importância de escrever

                                                                     

"Escrever é colocar a sua emoção no papel e depois compartilhar com as pessoas um pouco dos seus pensamentos", Roseli Ubaldo

"A gente escreve como quem ama, ninguém sabe por que ama, a gente não sabe por que escreve também", Clarice Lispector

"Ninguém escreve para si. A não ser um monstro de orgulho. A gente escreve para ser amado, para atrair, para encantar", Mário de Andrade

"Escrevo sobre aquilo que não sei, para ficar sabendo", Fernando Sabino

"A escrita nada mais é do que um sonho portador de conselhos", Jorge Luis Borges

"Quem escreve nunca se satisfaz com o que escreveu e talvez esta seja a motivação melhor do ato de escrever: um texto escrito é sempre promessa do texto que ainda não se escreveu", Jorge Miguel Marinho

"Quando escrevemos, deixamos transparecer um pouco de nós para que as pessoas possam nos conhecer melhor", Roseli Ubaldo

"Escrever, para mim, é paixão, é prazer, é maneira de melhor me conhecer, me fazer mais humana, me aproximar das pessoas... é uma forma de ser feliz!", Mary del Priore

"Através da escrita podemos nos comunicar ou revelar os nossos pensamentos que queremos e não temos coragem de falar pessoalmente para as pessoas", Roseli Ubaldo

"É lendo que se aprende a escrever", Jornalista Roberto Pompeu de Toledo

"Para se gozar o prazer de bem escrever é preciso ler. E investir na formação e na energia do trabalho com as palavras", historiadora e escritora Mary Del Priore

Sugestões para melhorar a sua escrita

                                                           
       

- Escreva bilhetes, cartas, e-mails. Quanto mais você treinar no dia-a-dia, melhor escreverá.

- Brinque de palavras cruzadas, forca, stop, caça-palavras e outros jogos. Isso pode ajudá-lo a fixar a grafia correta.

- Compre um dicionário - saber o significado das palavras, vai ajudá-lo a aumentar a qualidade do seu texto.

- Leia sempre - quanto mais você ler, mais vocabulário irá ganhar e a qualidade do seu texto aumentará.

- Copie poemas, letras de música e bons textos. O exercício leva ao aperfeiçoamento.

- Participe de redes sociais como o twitter, facebook e Orkut, evitando abreviações e grafias incorretas.

- O hábito da escrita não pode ser dissociado do hábito da leitura. Se quem lê mais, escreve mais, o inverso também é verdadeiro: quem escreve mais também vais querer ler mais.

- O que os pais, professores, etc, devem incentivar, não é escrever, é escrever bem. E incentivar a escrever bem não é outra coisa senão incentivar a ler.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Texto: Pausa (sequêcia didática)

                                                                     


LEIA O CONTO DE MOACYR SCLIAR

PAUSA

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
—Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
—Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
—Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
—Por que não vens almoçar?
—Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
—Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
—Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
— Já vai, seu Isidoro?
—Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
—Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
—Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
—O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.

(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)

Sequência Didática
Tempo de duração: 2 aulas

Texto: Pausa (Moacir Sclyar)

Tempo de duração: 2 aulas

Público alvo: Fundamental II (nono ano)
Objetivo: Estímulo à criatividade e a produção escrita;

               Inferir sentidos implícitos no texto;

               Relacionar as informações do texto com outras áreas de conhecimento

Habilidades: Criar expectativas em relação ao título;
                     Formular hipóteses a respeito das sequências do enredo;
                     Antecipar o tema ou a ideia principal a partir de elementos paratextuais, como título, subtítulo, do exame de imagens, de saliências gráficas etc.;
                          Levantar o conhecimento prévio sobre o assunto;
                    Esclarecer palavras desconhecidas a partir de inferência ou consulta a dicionário;
                         Formular hipóteses a respeito da sequência do enredo;
                         Relacionar informações para tirar conclusões;
                         Avaliar o texto criticamente;
                        Identificar palavras-chave;
                        Identificar as pistas do autor;

Competências: leitura e escrita

Material utilizado: o texto fragmentado para os grupos

Produção: Leitura compartilhada – o que eles produziram;

Leitura do texto na íntegra pelo professor comparando-o com o que os alunos produziram na sala de aula.

Finaliza-se com uma indagação: O título está de acordo com o texto?

Dê outra sugestão para o título.

domingo, 9 de junho de 2013

Poema

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Fernando Pessoa

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Agradecimento!

                                  



Trabalho em equipe é a participação constante dos colegas, mesmo que haja ideias opostas ou iguais. Pedro, você esteve presente em todos os momentos solicitados por mim como administradora do blog, postando comentários aqui e nos fóruns de grupo. Este módulo ajudou-nos a crescer virtualmente. As discussões que tivemos sobre leitura e escrita, serviu para aumentarmos o nosso conhecimento como professores.

  Obrigada Pedro por fazer parte do meu grupo!
Minha prática de leitura iniciou-se  com os outdoores que existiam pelas ruas da cidade de São Paulo. Eu achava atrativo e desejava compreendê-los. Quando alfabética na leitura e escrita, por meados da segunda série, amava ler os gibis e revistas,mas lembrando a todos que antigamente os livros eram caros e tinhamos pouco acesso (estavamos saindo do militarismo). Em minha escola amada, havia dias de visitação à biblioteca que era um lugar de ritual de silêncio, calma e organização. Não tendo condições financeira para comprar livros, eu pegava emprestado por uma semana, também podendo renovar o emprestimo por mais uma semana. E com muita felicidade obtinha os livros como se fosse uma viagem além da lua! Momentos marcantes para uma criança de 8 anos na época.      
Raquel Pinho

quarta-feira, 5 de junho de 2013

 
 
Machado de Assis
A CARTEIRA

...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
- Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
- É verdade, concordou Honório envergonhado.
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.
- Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar da casa.
- Agora vou, mentiu o Honório.
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.
- Nada, nada.
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com, trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a más horas.
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua. da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, - enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil-réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la.
Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," pensou ele.
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dois cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer."
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa.
- Nada.
- Nada?
- Por quê?
- Mete a mão no bolso; não te falta nada?
- Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a achou?
- Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.
- Mas conheceste-a?
- Não; achei os teus bilhetes de visita.
Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.

Venha ver o pôr do sol

ELA SUBIU sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.



Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante.
- Minha querida Raquel.
Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos.
- Vejam que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que idéia, Ricardo, que idéia! Tive que descer do taxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima.

Ele sorriu entre malicioso e ingênuo.
- Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância…Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete-léguas, lembra?
- Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? – perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. – Hem?!
- Ah, Raquel… – e ele tomou-a pelo braço rindo.
- Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado…Juro que eu tinha que ver uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal?
- Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz – E que é isso aí? Um cemitério?
Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem.
- Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo – acrescentou, lançando um olhar às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro. Sorriu. – Ricardo e suas idéias. E agora? Qual é o programa?
Brandamente ele a tomou pela cintura.
- Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo.
Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada.
- Ver o pôr do sol!…Ah, meu Deus…Fabuloso, fabuloso!…Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério…
Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta.
- Raquel minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura…
- E você acha que eu iria?
- Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um instante numa rua afastada…- disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento –Você fez bem em vir.
- Quer dizer que o programa… E não podíamos tomar alguma coisa num bar?
- Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende.
- Mas eu pago.
- Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico.
Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava.
- Foi um risco enorme Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero ver se alguma das suas fabulosas idéias vai me consertar a vida.
- Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado – prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram. – Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui.
- É um risco enorme, já disse . Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros.
- Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo…
O mato rasteiro dominava tudo. E, não satisfeito de ter se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrando-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com a sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando vagarosamente pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados.
- É imenso, hem? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, é deprimente – exclamou ela atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada.- Vamos embora, Ricardo, chega.
- Ah, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambigüidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa.
- Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre.
Delicadamente ele beijou-lhe a mão.
- Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo.
- É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais.
- Ele é tão rico assim?
- Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro…
Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram.
- Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra?
Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo.
- Sabe Ricardo, acho que você é mesmo tantã…Mas, apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Palavra que, quando penso, não entendo até hoje como agüentei tanto, imagine um ano.
- É que você tinha lido A dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora. Hem?
- Nenhum – respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: – A minha querida esposa, eternas saudades – leu em voz baixa. Fez um muxoxo.- Pois sim. Durou pouco essa eternidade.
Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido.
Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja- disse, apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas…Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso.
Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou.
- Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim – Deu-lhe um rápido beijo na face. – Chega Ricardo, quero ir embora.
- Mais alguns passos…
- Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para atrás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta.
- A boa vida te deixou preguiçosa. Que feio – lamentou ele, impelindo-a para frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr do sol. – E, tomando-a pela cintura: – Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas.
- Sua prima também?
- Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos…Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas…Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus.
- Vocês se amaram?
- Ela me amou. Foi a única criatura que…- Fez um gesto. – Enfim não tem importância.
Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o
- Eu gostei de você, Ricardo.
- E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença?
Um pássaro rompeu o cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu.
- Esfriou, não? Vamos embora.
- Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos.
Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombro do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba.
Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha.
- Que triste é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui?
Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu melancólico.
- Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo?
- Mas já disse que o que eu mais amo neste cemitério é precisamente esse abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta.
Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento.
- E lá embaixo?
- Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó- murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la. – A cômoda de pedra. Não é grandiosa?
Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor.
- Todas estas gavetas estão cheias?
- Cheias?…- Sorriu.- Só as que tem o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe- prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado, embutido no centro da gaveta.
Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz.
- Vamos, Ricardo, vamos.
- Você está com medo?
- Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio!
Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado:
- A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato. Foi umas duas semanas antes de morrer… Prendeu os cabelos com uma fita azul e vejo-a se exibir, estou bonita? Estou bonita?…- Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente.- Não, não é que fosse bonita, mas os olhos…Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus.
Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada.
- Que frio que faz aqui. E que escuro, não estou enxergando…
Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira.
- Pegue, dá para ver muito bem…- Afastou-se para o lado.- Repare nos olhos.
- Mas estão tão desbotados, mal se vê que é uma moça…- Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente.- Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil oitocentos e falecida…- Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel – Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti…
Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso.
- Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso? Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu?
Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás.
- Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco.- Detesto esse tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida!
- Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta, tem uma frincha na porta. Depois, vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr do sol mais belo do mundo.
Ela sacudia a portinhola.
- Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente!- Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. – Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra…
Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque.
- Boa noite, Raquel.
- Chega, Ricardo! Você vai me pagar!… – gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo.- Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos!- exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando.
- Não, não…
Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas.
- Boa noite, meu anjo.
Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida.
- Não…
Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano:
- NÃO!
Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda.



Lygia Fagundes Telles In:.Antes do Baile Verde.

terça-feira, 4 de junho de 2013

O caso do espelho

Temos que ler variados tipos de gêneros e apresentá-los aos nossos alunos para que eles também possam saborear a mágia que o mundo da leitura pode nos proporcionar. Nós professores, somos o um dos portais para a experiência de leitura e escrita dos nossos educandos.
O CASO DO ESPELHO

Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata.
Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho nas mãos:
— Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui?
— Isso é um espelho — explicou o dono da loja.
—Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai.
Os olhos do homem ficaram molhados.
— O senhor... conheceu meu pai? — perguntou ele ao comerciante.
O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.
— É não! — respondeu o outro. — Isso é o retrato do meu pai. É ele sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito?
O homem quis saber o preço. O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho.
Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira.
A mulher ficou só olhando.
No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando.
— Ah, meu Deus! — gritava ela desnorteada. — É o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que olhos bonitos! Que cabeleira solta! Que pele macia! A diaba é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu!
— Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida.
— Que foi isso, mulher?
— Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato?
— Que retrato? — perguntou o marido, surpreso.
— Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira!
O homem não estava entendendo nada.
— Mas aquilo é o retrato do meu pai!
Indignada, a mulher colocou as mãos no peito:
— Cachorro sem-vergonha, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jabiraca safada e horrorosa?
A discussão fervia feito água na chaleira.
— Velho lazarento coisa nenhuma! — gritou o homem, ofendido.
A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não consegue mais voltar pra casa.
— Que é isso, menina?
— Aquele cafajeste arranjou outra!
— Ela ficou maluca — berrou o homem, de cara amarrada.
— Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de outra mulher!
A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato.
Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada.
— Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje!
E completou, feliz, abraçando a filha:
— Fica tranquila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova!
Versão de conto popular por Ricardo Azevedo
Ilustrada por Alarcão